CORTONA: UMA PEQUENA CIDADE DA TOSCANA

Faz alguns anos que viajo no meu aniversário e, convenhamos, não há presente melhor do que ter o mês de maio inteiro para comemorar. O grande desafio é elaborar  o roteiro tentando fazer com que o “grande dia” seja numa cidade especial. Na grande maioria das vezes coincidiu e nessa última viagem não foi diferente, acordamos em Assisi e após o café fomos para Cortona, duas cidades que adoro e distantes apenas 70 km, uma hora de carro.

Foi a nossa terceira vez em Cortona, na Itália. 

A primeira foi um bate e volta a partir de Siena, num domingo em que acontecia a feira de antiguidades e as barracas escondiam a beleza  das praças e das ruas principais. Aproveitamos pouquíssimo, infelizmente.

Na segunda vez nos hospedamos por duas noites no centro, o que nos proporcionou passear  muito a pé, foi uma delícia. No terceiro dia fomos a para um hotel próximo, lindo, que queríamos muito conhecer. Passamos a tarde aproveitando as belíssimas instalações e jantamos no jardim. Foi inesquecível.

Em maio passado ficamos novamente no centro, que é mesmo o meu lugar favorito para explorar a cidade.

Cortona é pequena, encantadora e repleta de atrações. 

Destacam- se o Museo dell’Accademia Etrusca, criado em 1727 por iniciativa de um grupo de intelectuais cortoneses e o Eremo delle Celle um lindo mosteiro imerso no verde, a 6 km do centro, onde São Francisco se hospedou por um período. Lindo e místico.

Há muitas igrejas na cidade e, se tiverem tempo disponível, vale a pena conhecer o Duomo, San Domenico, San Francesco e a belíssima Santa Margherita.

As três primeiras estão no centro e Santa Margherita fica no alto da colina, no monte Egidio. O caminho é margeado por capelinhas de mosaicos, representando as passagens da Paixão de Cristo. Santa Margherita é a padroeira de Cortona e seu corpo repousa sob o altar-mor da igreja.

Recomendo descer ao centro pelo lado oposto, passando por ruas pitorescas com casinhas de pedra, jardineiras floridas e outras duas pequenas igrejas, San Niccolò e San Cristoforo que, inflizmente, estão quase sempre fechadas. 

Ainda, nos arredores da cidade, há Santa Maria delle Grazie ou del Calcinaio e Santa Maria Nuova, que não conheci. 

O Parterre di Cortona, é o enorme jardim com vista para o Val de Chiana e o Lago Trasimeno. Fica no final da rua principal, a Via Nazionale, também conhecida por Rugapiana. É lá que acontecem as festas da cidade, como a Sagra da Bistecca, em agosto, e o mercadinho de Natal.

Atravessando-se o Parterre chega- se uma recente atração da cidade, a Villa Bramasole, a residência de verão de Frances Mayes, autora de vários livros sobre a a região. O mais conhecido deles é Sob o Sol da Toscana, que esteve durante dois anos entre os mais vendidos dos Estados Unidos e foi adaptado para o cinema. 

A caminhada é muito agradável, leva de 35 a 40 minutos por uma “strada bianca”, com ciprestes. A visão de Bramasole, logo depois da curva, é impactante. Seus tons tons de rosa alaranjado, venezianas verdes e a famosa capelinha na entrada formam um conjunto harmonioso e encantador.

Nós já conhecíamos, mas resolvemos repetir o passeio já que o dia amanheceu ensolarado, ao contrário da outra vez, onde o tempo nublado mascarou parte das belezas da villa. Por uma dessas coincidências, encontramos Frances e seu marido Ed, chegando com sacolas de compras. Ela lançou um novo livro e estava descansando na cidade. Acenamos, desejamos  um “buongiorno” e seguimos o nosso passeio.

No final da tarde, mais uma caminhada, um sorvete, muitas fotos com a  luz incrível que estava e, para completar, havia degustação de vinhos na piazza, oferecida pela Enoteca Molesini. Melhor, impossível! 

Cortona tem bons restaurantes. A Trattoria Dardano praprara um frango assado delicioso, a Osteria del Teatro tem pratos  deliciosos e ótima carta de vinhos e La Bucaccia da Romano, que conheci na última viagem, foi surpreendente pela qualidade dos pratos e ambiente muito charmoso. 

Comemoramos o meu aniversário no Il Falconière, que tem uma estrela no Guia Michelin. Pretendíamos repetir o jantar ao ar livre, mas o tempo não permitiu e jantamos no salão. Os trabalhos começam com um espumante produzido na vinícola da propriedade, a Braracchi Winery, que pode ser  Brut Trebbiano ou Brut Rosé, de Sangiovese, ambos muito bons. O cardápio é variado e há também dois menus degustação. A minha sugestão é que se prove, também, um vinho tinto do local. 

Conhecemos três hotéis diferentes:

Il Falconière, que integra a rede Relais & Chateaux, a 4 km do centro.

Corte di Ambra, B&B no centro, com poucos e confortáveis quartos, numa propriedade inteiramente restauradas. Possui estacionamento.

Hotel San Michele, também no centro, num prédio histórico com quartos grandes. Também possui estacionamento.

Foram dois dias intensos e, apesar de ser a terceira visita à cidade, ficaria mais alguns dias. Sem a menor dúvida, Cortona é uma das cidades da Toscana que mais gosto.

Para quem leu os livros de Frances Mayes, as fotos estão com legenda, possibilitando a identificação dos lugares.

Texto de Ana Maria Savóia da Veiga. 

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