FESTA DO ROSÁRIO DE DORES DO INDAIÁ DE 1914

Pelas ruas de Dores do Indaiá, a maioria quietas, já se nota um intenso movimento. Todas as casas vazias da cidade estão alugadas para o dia de festa. É possível ouvir o rufar de caixas e o grunir da sanfona. Em casa dos festeiros que reboliço existe. Leitões, frangos, latas e latas de doces. Viva a festa! Viva o carnaval dos pretos! 

E chegam a pé, a cavalo e em carros de bois roceiros, roceiras e gentis roceirinhas. Caipiras vermelhamente engravatados percorrem as ruas empoeiradas. 

Na capela do Rosário fervilha uma multidão de ternos dançantes ao redor de violas enfeitadas com fitas multicores. A banda Santa Cecília rompe um dobrado marcial em frente a capela; sobem ao ar dezenas de fogos e estouram bombas de pólvora branca. 

A noite, é organizado diversos bailes e um espetáculo no cinema. As últimas cantigas tristes nos lembram deste dia saudoso. Lembro-me de um ditado antigo que diz: o melhor da festa é esperar por ela. Ao menos esta festa do Rosário nos deixará gravada na mente a grata recordação desse belo dia de folgança.

Matéria publicada por um correspondente de Dores do Indaiá no jornal "Gazeta de Minas", 13 de agosto de 1914. 

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