QUERIDA, VAMOS LEVAR AS CRIANÇAS?

Quando não se tem filhos, qualquer destino é possível. Já quando se carregam crianças a tiracolo... "qualquer destino continua sendo possível". Quem garante é a administradora de empresas paulista Anna Chaia, uma viajante incorrigível que já pisou em 27 países desde que se tornou mãe de Lucas, há sete anos, sempre acompanhada do pequeno. E nada de escolher apenas Disneys ou resorts de praia. Há dois anos, mãe e filho fizeram um trekking pela Patagônia, "desses de passar por mata fechada e você ter de ir abrindo caminho com vareta", conta. O menino adorou. Agora, a família está organizando uma viagem a Toscana, na Itália, de bicicleta.

Parece maluquice? Lucas já esteve em Paris, Nova York, Leste Europeu, Egito, Dinamarca... Mas Anna acredita que o destino é detalhe. O barato está mesmo na convivência. "Não importa se vocês vão para Campos do Jordão ou para a Suíça, mas que vocês vão ficar juntos 24 horas por dia, sem obrigações, sem aquela agenda atribulada", diz. Para ela, viagens são oportunidades de estreitar relacionamentos. "A cada uma, percebo que conheço mais sobre o desenvolvimento de meu filho, suas inseguranças e sonhos", conta. Com tanta bagagem, ela fundou o projeto Ciranda do Mundo (www.cirandadomundo.com.br), para encorajar pais e filhos a viajarem juntos, e já publicou os livros "Guia Paris com a Crianças" (Editora Publifolha, coautoria de Adriana Moller) e Descobrindo Nova York com as Crianças (Matrix Editora).

Uma experiência bonita, ela lembra do que aconteceu em Praga. "Estávamos numa pracinha e eu observava o Lucas brincando no parquinho. Tinha uma menina lá e eu notei que eles começaram a interagir. Até que ele veio me contar: 'Mãe, aquela é minha nova amiga, Teresca'. Eles sabiam o nome um do outro, falando idiomas completamente diferentes (o dela era o theco)", conta. Então, ela entendeu como as crianças podem falar uma língua delas, sem barreiras. Outra experiência de ouro começou com um apuro: mãe e filho foram ao zoológico do Bronx, em Nova York, de ônibus, mas acabaram perdendo o último ônibus de volta. "Estava claro, mas fiquei preocupada porque sabia que lá era ariscado pegar os gypsy cabs (táxis sem licença)". Ela avisou o filho ao filho que teriam que caminhar um pouco, e acabaram andando muito até um posto de gasolina. Um frentista percebeu seu medo e os levou até o ponto de ônibus. "Quando, finalmente, subimos no ônibus, o Lucas, muito perspicaz, me disse: 'Desistir jamais, né, mãe?'. E esse virou o lema de nossas viagens", lembra.

PREPARATIVOS PARA A VIAGEM

Segundo Anna Chaia, para viver aventuras felizes em família não basta só pegar a criançada e tomar o primeiro avião. Ela ensina que os pais precisam se conscientizar de que terão de colocar seus interesses em segundo plano e incluir passeios infantis ou brincadeiras no roteiro. Pode-se até visitar o Louvre, mas de um jeito especial. Ela dá o exemplo do "caça ao tesouro" que fazia com o Lucas: "Antes de entrar no museu, escolhíamos cinco postais na lojinha de suvenir. E ele caminhava atentamente em busca das obras de cada postal que segurava. A cada tesouro achado, ele ganhava um minibrinde", disse.

É como aprender um novo jeito de viajar. Envolver a criança nos preparativos é outro segredo. "Quando decidi ir ao Egito, fiquei seis meses lendo para o Lucas histórias de faraó, das pirâmides, dos deuses. Então, quando chegamos lá, ele já tinha até um deus preferido, sabia o significado de tudo aquilo", diz. Programas atípicos como trilhas exigem maior esforço - antes de ir para Patagônia, eles caminhavam no parque juntos, para  que a família toda se adaptasse ao ritmo. E, clarro, ás vezes é preciso compreender que nem toda viagem comporta a companhia dos filhos. A ideia é viajar para curtir a noite ou para fazer compras? Vá em frente, mas deixe-os com os avós. Qualquer destino é possível, mas não qualquer estilo de viagem.

DICAS IMPORTANTES

> Começe com destinos mais próximos, que demandam poucas horas de avião ou de carro;
> Evite roteiro do tipo "dez cidades em quinze dias';
> Valorize os passeios diurnos;
> Estabeleça uma quantia que as crianças vão ganhar por dia;
> Se seu filho tem até quatro anos, leve um objeto que ele tenha vínculo;
> Se for viajar de avião com criança de colo, amamente na decolagem ou no pouso;
> Na estrada, faça uma parada a cada duas horas.

Fonte: Revista Viajante.

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