A VIDA NO IRÃ EM 1970

Nos anos 1970, o Irã vivia um dos momentos mais marcantes de sua história moderna. Governado pelo xá Mohammad Reza Pahlavi, o país passava pela chamada Revolução Branca, um conjunto de reformas que buscava modernizar a economia, expandir a educação e aproximar o Irã do modelo ocidental. Era uma época de contrastes profundos: prosperidade para alguns, tensões sociais para muitos.

Nas grandes cidades como Teerã, Isfahan e Shiraz, a modernização era visível. Arranha-céus, universidades e centros comerciais cresciam rapidamente. O petróleo, principal riqueza do país, financiava estradas, infraestrutura e programas sociais. O Irã era visto como um aliado estratégico dos Estados Unidos no Oriente Médio, e essa proximidade acelerava a presença de produtos, modas e estilos de vida ocidentais.

A juventude urbana dos anos 70 experimentava uma abertura cultural sem precedentes. A moda feminina seguia tendências de Londres e Paris, jovens ouviam rock, jazz e música pop ao lado da tradicional música persa, e cinemas exibiam tanto produções locais quanto filmes de Hollywood. Cafés e bares em Teerã fervilhavam de debates intelectuais, refletindo uma sociedade que buscava se conectar ao mundo.

Porém, fora dos centros urbanos, a realidade era bem diferente. Grande parte da população rural ainda vivia em condições simples, muitas vezes sem acesso pleno a serviços básicos. Para eles, as reformas do xá significavam pouco, e o contraste entre a vida moderna das elites e a tradição das vilas aumentava a sensação de desigualdade.

Do ponto de vista político, o regime era cada vez mais autoritário. A polícia secreta SAVAK reprimia opositores, censurava críticas e perseguia qualquer sinal de resistência. Muitos clérigos, incluindo o aiatolá Ruhollah Khomeini, denunciavam a ocidentalização acelerada como uma ameaça aos valores islâmicos. Essa insatisfação crescia silenciosamente.

Assim, a vida no Irã em 1970 era dupla: para uns, um país em ascensão, moderno e vibrante, com economia em expansão e forte presença cultural.

Texto de Vinícius Pereira.

Comentários

MAIS LIDAS DA SEMANA