BH A CAÇA DE HÓSPEDES


Para não ter prejuízos com quartos ociosos depois da Copa do Mundo de 2014, hotéis da capital mineira vão ter que atrair 44 mil turistas por semana. Empresários cobram ações. Um forte temor ronda o mercado da hotelaria em Belo Horizonte. O lançamento de empreendimentos para atender a demanda de hóspedes durante a Copa do Mundo pode provocar um problema. Os hotéis da capital mineira correm o risco ficar ociosos depois do Mundial de 2014, segundo sindicatos, associações e empresários do setor. 

Para preencher a oferta de novos leitos que vão ficar prontos até 2014 na capital, Belo Horizonte teria que receber mais 8 mil turistas de terça a quinta-feira, outros 6 mil nas segundas e sextas e mais 4 mil pessoas nos sábados e domingos, segundo cálculos da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG). Em uma semana, isso representa 44 mil diárias de hotel a mais nos empreendimentos da cidade.

“O número de apartamentos disponíveis na hotelaria vai crescer, mas será um desafio conseguir hóspedes. Vai ser preciso expandir também a oferta de centros de feiras e eventos, e a capacidade do aeroporto de Confins, que está saturada. Caso contrário, corremos o risco de ficar com a hotelaria ociosa”, afirma Silvania Capanema, presidente da ABIH.

A taxa média de ocupação nos hotéis de Belo Horizonte hoje é de 66%, segundo a ABIH. “É considerada média. A alta é quando a ocupação fica acima de 80%. Este índice só conseguimos em dias de semana”, afirma Silvania. Estudo realizado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), em parceria com a consultoria HVS Brasil, mostra que Belo Horizonte corre o risco moderado de ter superoferta de quartos de hotéis depois do término da Copa do Mundo de 2014. Segundo Ana Marina Figueiredo Biselli, diretora-executiva do FOBH, o perigo maior de ociosidade é para as categorias econômica e de médio padrão.

A publicação do Fórum vai ser feita a cada seis meses até o Mundial de futebol e faz parte do “Placar da Hotelaria 2015”, que tem o intuito de fornecer um panorama do que pode ocorrer com a demanda e a oferta hoteleira no período pós-Copa do Mundo. “Estamos preocupados em fazer com que os mercados se mantenham estáveis pois pode haver um desequilíbrio. Os investimentos hoteleiros são de longo prazo e têm retorno em mais de cinco anos”, observa Ana Marina. Em Belo Horizonte, diz, há um volume elevado de investimentos em novos empreendimentos. “A lei que aumenta o aproveitamento da obra incentiva os investidores, mas é preciso lembrar que o hotel não pode ser construído pensando só na Copa”, alerta.

Atualmente, há 30 hotéis em obras e licenciamento na capital, com previsão de construção de 6,8 mil apartamentos até a Copa de 2014, segundo dados da Prefeitura de BH. No total, serão investidos R$ 1,57 bilhão. Há ainda mais 11 hotéis em negociação, com um total de 2,59 mil apartamentos. “Mas nem todos os empreendimentos licenciados e negociados vão ser tocados. Estimo que serão construídos mesmo cerca de 6,5 mil leitos”, diz Silvania.

REFORMA NECESSÁRIA

O Hotel Financial, na Praça Sete, Centro da capital, está investindo R$ 15 milhões na modernização da infraestrutura e tecnologia. “Estamos fazendo uma reforma geral. Vai ser um hotel três estrelas de categoria superior. O empreendimento que não se modernizar, investir e reformar vai sofrer mais do que os hotéis mais preparados”, diz César Viana, gerente-geral do Financial.

O Financial conta com 220 apartamentos e 500 leitos e tem hoje taxa de ocupação média de 70%. “Acho que a hotelaria vai passar por um período de ressaca no ano pós-Copa, com queda de 10% a 20% na taxa de ocupação. Depois, o mercado deve se acomodar, mas precisamos de investimentos em infraestrutura, como nos aeroportos”, afirma César Viana.

“Há um boom hoteleiro, mas, quando passar a Copa, vai sobrar muito apartamento. Se não tiver investimentos em centros de eventos na capital, a hotelaria corre o risco de ficar ociosa”, afirma Paulo César Pedrosa, presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares de Minas Gerais (Fhoremg). Segundo ele, o setor espera que o governo acelere o processo de duplicação do Expominas. “Belo Horizonte está em localização estratégica para captar eventos. É a vocação da cidade”, diz.

ANÁLISE DA NOTÍCIA

Na hora de receber os investimentos em hotelaria, previstos em R$ 1,57 bilhão, é só festa. Mas o risco de superoferta de quartos revela um quadro preocupante. Vale lembrar que na década passada houve um boom de flats em Belo Horizonte. A bolha estourou e os prejuízos ficaram. Foram vários anos com projetos de hotéis praticamente congelados na cidade para que o fantasma da ociosidade não voltasse a assombrar. Agora, ele ronda novamente. Para que os empreendimentos que estão saindo do papel não fiquem vazios depois de 2014, projetos que atraem turistas de negócios, como a expansão do Expominas ou a ampliação de Confins, são necessários. Esses não podem ficar só na promessa para que quebradeira e desemprego não se tornem realidade em 2015. (Graziela Reis)

Geórgea Choucair


Fonte: Estado de Minas.

Comentários

MAIS LIDAS