RODIN: DO ATELIÊ AO MUSEU

Auguste Rodin manteve os elementos que compunham o seu meio e de suas obras. Ele tinha muitas esculturas greco-romanas, miniaturas persas e gravuras japonesas, arquivos de imprensa, revistas, livros, cartas e fotografias ocupavam o espaço de seus ateliês e de suas casas.

Inicialmente, a fotografia apresentava para Rodin um instrumento de aperfeiçoamento do trabalho como escultor. Suas obras eram fotografadas durante o processo de produção e Rodin, tentando fazer novos experimentos, novas associações, buscando com isso mais interpretações e mais soluções para poder mudar algo em suas esculturas.

Depois, Rodin passou a utilizar a fotografia como principal instrumento de divulgação de suas esculturas. As fotografias permitiram de fato que seus trabalhos tornassem conhecidos em muitos países. A seguir, suas obras tornaram meio de nova interpretação de fotógrafos ligados á escola pictorialista, como Edward Steichen e Haweis e Coles, alem de Jean Limet, que permitiu nova visão artística das esculturas de Auguste Rodin.

O falecimento de Rodin colocou sua coleção de fotografias e suas esculturas no esquecimento. Só em 1960 a coleção foi novamente descoberta e na década de 70, pesquisadores tiveram acesso aos arquivos do museu Rodin, colocando vários projetos em prosseguimento.

A relação de todo o seu material de trabalho endireitou e deu grande mobilidade a produção fotográfica. Os poucos registros fotográficos foram decifrados não só na escultura, como também na própria história da fotografia.

A associação da fotografia e as esculturas de Rodin, também foi tema de uma exposição organizada no Museu Rodin na França, no final de 2007 e no começo de 2008.

A exposição está sendo pela primeira vez realizada fora do continente europeu, sendo composta por 194 fotografias originais, com mais 22 esculturas de Rodin que possibilitaram uma melhor compreensão do processo de criação do escultor e revelar o constante diálogo entre as fotografias e as esculturas.

Das esculturas que se encontram na exposição da Casa Fiat de Cultura, destaca-se a fenomenal escultura “As três sombras”, que foi retirada do jardim do Museu Rodin, onde ela se encontrava. Também está presente uma versão de “A eterna primavera”, escultura de bronze feita em 1886, além da escultura “As bênçãos”, uma das peças mais belas da exposição, feita em mármore, feita entre 1896 e 1911, nunca mostradas fora do Museu Rodin, em Paris.

O detalhe, a complexidade que envolve as obras é muito significativo, tanto nas grandes, quanto nas pequenas esculturas. O envolvimento dos seres humanos, sempre representados com nenhuma vestimenta, revela uma tendência a Grécia, a Roma e ao Renascimento, onde privilegiavam corpos exuberantes, uma complexa perfeição formal, que quando acrescentado a exigência de Rodin com as fotografias e com as esculturas, revela um estado de graça e de um encantamento impressionante.

A dimensão da obra de Rodin parece ser inesgotável, talvez até inigualável. A perfeição em representar o homem, a exaustão com o trabalho, fazendo da mesma escultura o surgimento de novas esculturas, a partir de diferentes posições, de diferentes gestos, de diferentes atitudes.

A fotografia parece ser suporte fundamental na produção de Rodin, apesar de não ser a sua produção, entretanto é com elas que o trabalho de Rodin vai se sustentar, é com elas que sua produção vai se estabelecer.

Outro importante elemento em suas esculturas, é que temos que rodeá-las para podermos entender o que verdadeiramente Rodin está pretendo em nos mostrar na escultura, é preciso muita atenção e muito esforço.

O processo de exame em suas esculturas num primeiro momento parece bastante simples, mas quando examinamos com mais cautela, de mais perto, mostra a exatidão e a complexidade da obra.

Apesar de algumas vezes não pagar seus fotógrafos, sempre exigia deles um empenho considerável, não gostando das fotografias, sempre exigia melhores ângulos, o que era as vezes sinônimo de brigas.

Mas o que vale ressaltar na obra de Auguste Rodin, é sua busca pela complexidade, mesmo com os atritos com os seus fotógrafos oficiais. 

Texto de Leonardo Mendonça, do Folha do Indaiá.    

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