CÂMBIO E TURISMO: QUEM GANHA E QUEM PERDE COM O REAL VALORIZADO

No Brasil, a atividade turística tem se expandido e mostrando sua importância em termos de desenvolvimento sócio-econômico regional nos últimos anos. De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), estimou-se que em 2010, o número de desembarques mundiais alcance a marca de um bilhão. Entre os destinos mais procurados, o Brasil está inserido como um dos destinos que mais crescem. Diferentemente do período entre os anos de 1994 e 1998, quando o câmbio no Brasil foi fixado pelo Governo, o regime adotado hoje pelo país é baseado no câmbio misto. 

Nos últimos anos, tem-se observado de maneira clara a valorização do Real frente ao Dólar e isso ocorreu devido às políticas baseadas em altas taxas de juros, atraindo um grande volume de moeda estrangeira para o mercado de capitais brasileiro, como também o aumento de investimentos diretos por estrangeiros na economia nacional. Consequentemente, esta grande oferta de dólares faz com que a moeda nacional se valoriza perante a moeda estrangeira, tornando as viagens internacionais mais baratas ao bolso dos brasileiros.

Evidentemente que a questão cambial influencia e causa impacto nas decisões dos brasileiros quanto à viagem para o exterior ou para o Brasil, da mesma forma, para o turista estrangeiro essa valorização cambial torna mais caro o turismo no Brasil, configurando uma perda de competitividade do país no turismo internacional receptivo em solo brasileiro. Considerando-se que, em termos gerais, poderíamos dizer que os gastos dos brasileiros no exterior crescem mais rapidamente do que os turistas estrangeiros no Brasil, o turismo internacional acaba se tornando uma fonte cada vez mais forte de saída de dólares, embora seu impacto nas contas externas como um todo seja relativo, e não dramático, como poderia ser caso tal fato ocorresse em outro país, como nas Bahamas, por exemplo. Dessa forma, grande parte dos empresários ligados ao setor turístico perde a “queda de braço” travada com o câmbio valorizado, que estimula as viagens internacionais de brasileiros.

Pelo princípio básico, quem leva os turistas brasileiros ao exterior ganha com o câmbio valorizado, enquanto o turismo receptivo sofre com as conseqüências do Dólar fraco. Logo, estabelecimentos como hotéis e restaurantes no Brasil tem muito a perder com isso, a situação é mais grave no caso específico dos hotéis, já que bares e restaurantes contam com os gastos da população local. Entretanto, as agências e operadoras de turismo se beneficiam deste cenário, reflexo da maior demanda por pacotes turísticos internacionais. Mesmo quem deseja viajar pelo Brasil, se rende aos preços mais favoráveis das viagens ao exterior, alterando seu destino inicial. Entre os destinos mais procurados pelos brasileiros no exterior estão os Estados Unidos (apesar das dificuldades para obtenção de vistos depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York), a Argentina e o Chile. É inegável que o Brasil possui uma infinidade de destinos turísticos muitos atraentes, não só ao turista estrangeiro, como também ao turista doméstico, sendo que parcela da população que viaja ao exterior, apesar de ter crescido enormemente, ainda é pequena quando comparada à população total. A grande maioria ainda prefere passar as férias no país, ou melhor, tem no turismo doméstico (quase que) sua única opção. É importante enfatizar que (com ou sem influência do câmbio) o turismo possui um enorme potencial gerador de divisas, se for tratado como setor de extrema importância econômica e social.

BREVE HISTÓRICO DAS TAXAS DE CÂMBIO

Durante séculos, as moedas do mundo eram trocadas por ouro. Ou seja, uma moeda de papel emitida por qualquer Governo do mundo representava uma quantia real de ouro guardada em cofres desses Governos. Nos anos 1930, os Estados Unidos determinaram o valor do Dólar em nível único e invariável: 28,57 gramas de ouro valiam U$ 35,00. Depois da Segunda Guerra Mundial, outros países basearam o valor de suas moedas no Dólar americano, e como todos sabiam quanto de ouro valia o Dólar americano, então o valor das outras moedas com relação ao Dólar pode ser baseado no seu valor em ouro. Uma moeda valia duas vezes a mesma quantia de ouro que um Dólar americano, portanto, também valia dois dólares americanos. O mundo real da economia ultrapassou esse sistema e logo o Dólar americano sofreu com a inflação, enquanto outras moedas passavam a ser mais valiosas e mais estáveis. Por fim, os Estados Unidos não puderam mais fingir que o Dólar valia tanto quanto antes, o valor foi oficialmente reduzido para que 28,57 gramas de ouro valessem então US$ 70,00. Finalmente em 1971, os Estados Unidos acabaram com o padrão de ouro, isso significou que o Dólar não representava mais uma quantia real de uma substância preciosa.

As forças do mercado sozinhas determinavam seu valor, sendo que até hoje o Dólar americano ainda domina muitos mercados financeiros. Na verdade as taxas de câmbio são expressas com freqüência em termos de dólares americanos. Atualmente, o Dólar americano e o Euro somam cerca de 50% de todas as transações de câmbio de moedas no mundo, ao acrescentar a Libra, o Dólar canadense, o Dólar australiano e ao Iene à lista, a soma é de mais de 80% de todos os câmbios de moedas.

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