DORES, A MINHA TERRA ERA ASSIM

Dores, a minha terra era assim,

Eu nasci num Buracão, cresci olhando para o Cerrado.

No morro, não tinha uma Capelinha,

A minha rua, uma patente do exército, Marechal

A avenida, um número, 15

A minha Igreja, Batista, a dos meus colegas, Católica

O córrego, dos veados, 

O rio, de São Francisco

A Nossa Senhora, das Dores.

A fruta era Gabiroba, as pedrinhas, de Santana

O homem rico, Jorça, o carro, Rabo de Peixe.

O Grupo, Doutor Zacarias, o Ginásio, Dorense.

O político, era Hugo, o médico, Dr. Di, o Professor, Carvalho

A farmácia, Fiuza, a padaria, da Miluca, A loja, Lacerda

A Santa Casa, de misericórdia.

A paixão de menino, estava no céu

O time, Dorense,  o adversário, Zacarias, o craque Delcio Costa

A Vila, Vicentina, o final do mundo, o Barro Afundô

O menino não gostava, do prédio da Cadeia.

O Dorense gosta... do cemitério.

O transporte, a bicicleta.

Amigos, Zé Ronaldo, o Lito

O padre era bravo, o delegado o tramela, quem sabia tudo, O Vado

O som da memória, o Sino A marca que ficou, o Relógio da Igreja

A fruta, manga, 3 anos, só Dores tem

O campo, de Aviação. A vila, Nova. A lagoa, no Quartel -  triste memória.

A lembrança quase apagada, o Fórum, o Coreto, o Matadouro...

O bar, do Vandinho, o lanche, no Sabará, as fotos no Leonan

O banco, do Brasil, o cine, Indaiá, o bar, Marajá

A serra, da Saudade, o morro do Palhano, o horizonte infinito.

Assim era a minha Dores.

Texto de Rubem Ur Rocha.

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