POR UM BELO HORIZONTE
Aos pés da Serra do Curral e a 850 metros acima do
nível do mar, Belo Horizonte vai ganhar pela primeira vez proteção para
mirantes que inspiram o seu nome e tiram fôlego de moradores e visitantes: a
vista paronâmica. Está em gestação na Secretaria Municipal Adjunta de
Planejamento Urbano (Smapu) a proposta para criação de áreas de diretrizes
especiais (ADEs) Mirantes, que, por suas características específicas,
demandariam regras diferentes do restante da capital mineira. Foram
identificadas 16 áreas que passariam a ter restrições de construção para
garantir a preservação da paisagem.
A proposta será apresentada em março na 4°
Conferência Municipal de Política Urbana, quando representantes da comunidade,
técnicos e setor empresarial discutirão alterações em duas ou mais legislações
da cidade, o Plano Diretor e a Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo.
A equipe técnica da secretaria mapeou pontos de
onde, apesar do crescimento urbano, ainda é possível contemplar uma vista
panorâmica. Com a implantação das ADEs Mirantes, a ideia é restringir
construções, além de limitar a altura das edificações do entorno. “Em alguns
locais, temos uma vista em 360 graus da cidade. A orientação é garantir essa
paisagem”, ressalta a gerente de informação e monitoramento da Smapu, Gisella
Lobato.
As ADEs incluem mirantes oficiais, como os do
Mangabeiras e do Parque da Serra do Curral, além de outros pontos em áreas de
preservação ambiental, como a Mata da Baleia. Também fazem parte dessa lista
mirantes informais em locais sem qualquer infraestrutura, como a caixa-d’água
da Copasa, no bairro Belvedere, na região Centro-Sul, e até em terrenos
particulares, restritos a poucos admiradores e com potencial jogado ás nuvens.
Os detalhes para garantir a proteção serão
discutidos com os 243 delegados dos três setores eleitos neste mês de
fevereiro. A apresentação das propostas da prefeitura de BH será feita em
março, durante a etapa de capacitação dos delegados. A conferência termina em
maio, com o fechamento das propostas de mudança nas leis, que seguem para
aprovação na Câmara Municipal.
TOMBAMENTO
O professor da Faculdade de Arquitetura da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Leonardo Castriota, relata que
desde os anos de 1930 as cidades brasileiras usam o tombamento como forma de
proteger a paisagem. É o caso da Igreja da Penha, no Rio de Janeiro. “BH tem de
tirar partida de sua topografia íngreme. A paisagem está relacionada com o
desfrute estético, mas também com a questão ambiental, da circulação de ar e
preservação do microclima”, diz.
Para Castriota, BH já perdeu parte de seu
potencial cênico. “Existiu uma proposta no passado para proibir construções a
partir da cota de 1000 metros de altitude, como forma de preservar a vista da
Serra do Curral, mas não foi para frente. Muitas avenidas de topo de morro
foram completamente tomadas por prédios. A construção dos prédios no Belvedere
interferiu na paisagem e barrou parte dos ventos”, ressalta o professor.
No Belvedere, o ponto indicado à proteção é
próximo á caixa-d’água da Copasa, na Avenida Celso Porfírio Machado. Ao
alcançar o topo, o observador se encontra num morro de minério e cerrado, em
meio as mansões. Dali se avista bem de perto a cava da mineração Lagoa Seca e
os arranha-céus de Nova Lima. A diversão é tentar identificar os pontos de
referência da cidade, como o Mineirão e a Avenida Afonso Pena.
Fonte: Estado de Minas.
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