SÃO PETERSBURGO: O BERÇO DA SOCIEDADE RUSSA


Esqueça a imagem clássica de um brutamontes bebendo vodca com chapéu de pelos no inverno. A ex-capital do Império Russo, São Petersburgo, transpira nobreza e traz à luz um glamour inigualável em todo o mundo. Pelas largas avenidas e canais onde o frio cortante, potencializado pelo Rio Neva, que passa 237 dias por ano coberto com gelo, imensidão e requinte nos detalhes das fachadas e por detrás delas. A capital do czarismo russo é tão luxuosa que seus habitantes parecem não achar muita graça nas clássicas Paris e Roma, por exemplo. Herança e uma carga histórica longínqua, assinada por nomes épicos como Catarina ou Pedro, o Grande, fazem da cidade localizada na entrada do Golfo da Finlândia tão ou mais importante que Moscou.

Diferentemente da capital russa, a cidade que já se chamou Petrogrado e Leningrado é o berço da sociedade russa, assim como da burguesia que transformou o país. Artistas como o romancista Fiódor Dostoevsky, que nasceu e viveu em São Petersburgo, fazem dela a capital cultural do país por excelência.

Mas as coisas começam a fazer sentido quando se descobre o desbunde protagonizado por czares e czarinas. A aura fina e delicada é comprovada na obra-prima de Alexander Sokurov, o “Arca Russa”. No plano-sequência de 90 minutos, o cineasta discorreu sobre vitórias, fracassos e formação de uma civilização em um dos cenários mais pomposos da cidade: o Hermitage. O ex-Palácio de Inverno, que hoje é considerado o maior museu do mundo, consegue remeter quem o visita a uma época em que luxo e grandeza demais nunca eram o suficiente para quem detinha poder sobre 22.400.000 quilômetros quadrados do planeta.

Fundada pelo czar Pedro, o Grande em maio de 1703, a cidade serviu de capital do Império Russo por mais de 200 anos. E foi apenas depois da Revolução Russa de 1917 que a capital passou para Moscou. Antes disso acontecer, aqueles que viajavam de Moscou para São Petersburgo levavam 3 dias na estrada. Os russos costumavam dizer que não viajavam, mas viviam no caminho.

Pedro teria criado a capital russa em um pântano que teve de ser drenado pelo canais que enfeitam a cidade. Remodelada para seu tricentenário, em 2003, hoje São Petersburgo tenta atrair o máximo de interesse e investimentos provenientes de turistas e empresas do Ocidente.

Atualmente São Petersburgo é a segunda maior cidade do país, com cerca de 4,6 milhões de habitantes, e mais 6 milhões vivendo no entorno. Possui cena noturna e de diversão intensa, com compras e restaurantes. É considerada um dos principais centros culturais da Europa, além de ser um importante porto russo no Mar Báltico. O orgulho da cidade se dá também por seu protagonismo na História moderna. Foi em São Petersburgo que o Exército de Hitler acabou derrotado pelos soldados vermelhos. Em meio à neve e ao frio castigante do temível inverno russo, as forças do Eixo caíram definitivamente e aproximaram o momento de declaração sobre o fim da Segunda Guerra. Nomes da história atual, como o primeiro-ministro Vladimir Putin e o presidente Dmitri Medvedev, também iniciaram sua trajetória na cidade no norte do país.

Por abrigar palácios em quase todas as suas regiões, São Petersburgo tem construções que tornam-se atração. Czarismo é o espírito de uma época que define, por excelência, a majestosa cidade. Bem servida de bons restaurantes e cafés, a metrópole é detentora de construções que, dada à carga histórica, são tombadas e classificadas patrimônio da Unesco. Para os bon vivants, atrações nunca faltaram. Do café com torta ao balé no teatro, nos moldes imperiais, São Petersburgo é tão suntuosa e romântica quanto Veneza.

Retirado integralmente do site: viagem.uol.com.br/guia

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